JOÃO CALVINO E O CALVINISMO
Por Marcos Faber
Em muitos países a Reforma Protestante foi combatida de forma
bastante violenta. Milhares de protestantes foram presos pela Inquisição
(Tribunal do Santo Ofício) em toda a Europa, com muitos deles sendo condenados
à morte. E, na França, tradicionalmente um reino aliado ao Vaticano, não foi
diferente. Neste país, os protestantes foram perseguidos e presos. Em
consequência a isso, muitos se refugiavam na vizinha Suíça.
João Calvino (1509-1564) foi um desses tantos protestantes franceses
que fugiram para o território suíço. Na Suíça, Calvino entrou em contato com as
ideias humanistas e, principalmente, teve acesso à literatura grega antiga.
Esse contato com a literatura clássica e humanista foi muito importante para
aquilo que Calvino iria desenvolver em sua teologia.
Calvino, apesar de ter mantido quase todos os princípios formulados
por Martinho Lutero, desenvolveu uma teologia própria, mas que tinha uma
diferença muito importante: a Doutrina da Predestinação. Nesta doutrina, influenciada na crença grega no destino,
Calvino afirmava que Deus, o único com conhecimento sobre o futuro, já sabia,
desde sempre, quem eram as pessoas que seriam salvas por Ele, assim, como já
sabiam quem não seria.
De acordo com Calvino, a fé não era o caminho para a salvação,
para ele, a fé era o sinal de que o fiel estava predestinado à salvação. Com
isso, o calvinismo se afastava daquilo que Lutero havia defendido, ou seja, que
a salvação somente era alcançada por meio da fé em Jesus Cristo.
Mesmo contrariando a Lutero, a Doutrina da Predestinação se tornou
muito popular na Suíça. Mas quando as ideias de Calvino chegaram às pessoas
comuns, uma dúvida foi gerada: Como posso saber se sou ou
não salvo?
A resposta dos seguidores de Calvino era bastante simples. Segundo
os Calvinistas, a garantia de que alguém havia sido predestinado por Deus à
salvação estava em seu sucesso pessoal, ou seja, uma pessoa próspera e bem-sucedida
(profissão, saúde, família, etc.) demonstrava o favor de Deus para com ela.
Portanto, o próspero tinha a garantia de sua salvação, pois onde a planta de
seus pés pisasse iria prosperar. Mas, o contrário também era verdade Luteroeiro.
Pois, aquele que não prosperasse dava demonstrações de que não estava
predestinado à salvação.
O reflexo maior desta doutrina foi que, ao contrário dos
católicos, os calvinistas passavam a defender a riqueza pessoal. Assim, a
riqueza e o lucro deixavam de ser pecado para se tornarem em sinais do favor
divino e, também, numa forma de glorificar a Deus. Como a Igreja Católica
condenava os lucros e a riqueza pessoal, os burgueses adotaram, quase que
integralmente, a nova fé.
Mas ao contrário de outras vertentes protestantes, o calvinismo
não se desenvolveu em uma igreja específica, mas como doutrina que seria aceita
em algumas igrejas protestantes já existentes. Assim, a doutrina calvinista
obteve uma grande aceitação na Suíça (onde surgiu), de lá se espalhando por
toda a Europa, especialmente, na Escócia (onde fizeram muitos adeptos entre os
presbiterianos), na Inglaterra (puritanos, quakers e outros), na Holanda
(reformados) e na França (onde ficaram conhecidos pejorativamente como
huguenotes).
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