OS ESTADOS UNIDOS NO ENTRE
GUERRAS: O AMERICAN WAY OF LIFE E A CRISE DE 1929
Por Marcos Faber
O fim da Primeira Guerra Mundial possibilitou uma
nova configuração na geografia mundial. Enquanto algumas nações deixaram de
existir, outras conquistaram a independência (entre elas dezenas de ex-colônias
africanas). Os tratados assinados após Guerra, especialmente o assinado em
Versalhes (Tratado de Versalhes - que estabeleceu as punições à Alemanha), não
trouxeram paz ao mundo, ao contrário disso, mantiveram acesas as rivalidades
anteriores à guerra, para piorar, no caso alemão, levaram à radicalização.
Entretanto, o período Entreguerras, também foi o período em que os
Estados Unidos da América (EUA) se tornaram uma potência mundial. A
prosperidade estadunidense, iniciada no final do século 19, possibilitou ao
país exportar produtos agrícolas e industrializados para toda a Europa (durante
a Guerra e após ela) o que garantiu grandes acúmulo de riquezas ao país.
Entretanto, os Estados Unidos não estavam exportando apenas
produtos agrícolas e industrializados à Europa e, como consequência, ao
restante do planeta. Os estadunidenses também estavam exportando o seu modelo
de sociedade. Isso acontecia, principalmente, por meio da literatura, do cinema
e da música.
O soft power estadunidense, possibilitou ao país, como
nenhum outro havia realizado antes, levar sua cultura para todo o planeta. Com
isso, os norte-americanos passaram a exportar o “american way of life” (“estilo de
vida americano”), o modelo onde os indivíduos e as famílias do país alcançavam
a felicidade por meio do consumo de produtos industrializados (rádios,
eletrodomésticos, aspirador de pó, comida enlatada, carro próprio, entre muitos
outros).
Apesar de ambientados no futuro, "The
Jetsons" (1962) representava uma típica família estadunidense da primeira
metade do século 20. Uma feliz e pouco numerosa família onde todos os produtos
desejáveis estão ao alcance de todos, era o "sonho americano".
Igualmente importante foi a exportação do modelo de “self made man” (“o homem que se faz
sozinho”), ou seja, o modelo de sucesso pessoal que defende que os indivíduos
podem alcançar o sucesso e a riqueza por meio exclusivo do seu esforço pessoal
e de muito trabalho.
Entretanto, em outubro de 1929, a Era de Ouro estadunidense
sofreria um forte baque, com a Crise da Bolsa de Nova Iorque.
A Crise de 29 ou a Crise da Bolsa de Nova Iorque
No dia 24 de outubro de 1929, milhares de investidores perderam,
da noite para o dia, grandes somas em dinheiro. Muitos perderam tudo o que
tinham. A quebra na bolsa de valores acentuou drasticamente os efeitos da
recessão que vinha se arrastando por todo aquele ano, causando grande inflação
e queda nas taxas de venda de produtos.
A diminuição das vendas de produtos industrializados levou ao
fechamento de inúmeras fábricas e lojas, levando ao desemprego milhares de
trabalhadores.
A Crise de 1929 é considerada a maior crise da história econômica do capitalismo. A gravidade da crise obrigou o governo norte-americano a intervir na economia, algo que contradizia a própria lógica do liberalismo econômico.
A Crise de 29 na Europa
A Crise de 29 se desenvolveu em cadeia, afetando toda a economia
mundial. Quando chegou à Europa, a crise foi muito sentida em todos os países, especialmente
na Alemanha, que passava por uma fase de reconstrução político-econômica após a
derrota na Primeira Guerra Mundial.
As medidas para superação da crise foram distintas de país para
país, mas a grande maioria dos governos optou pelas intervenções do Estado na economia.
Países como Alemanha, Itália, Espanha e Portugal, cujas economias
foram em muito afetadas, optaram por um modelo autoritário de governo como
forma de superação da crise.
Com isso, partidos de extrema direita aproveitaram-se para
ascenderem ao poder nestas nações. Tais como os fascistas na Itália (liderados por
Benito Mussolini) e os nazistas na Alemanha (liderados por Adolf Hitler).
Medidas Anticrise: O New Deal
Eleito presidente dos Estado Unidos em 1932, Franklin Delano
Roosevelt iniciou seu mandato lançando um plano de contenção da crise: O New
Deal.
O New Deal previa uma saída rápida da crise, para isso estabeleceu:
· Estado controlando a economia;
· Controle dos preços pelo governo;
· Criação de postos de trabalho;
· Concessão de empréstimos;
· Aumento da oferta de emprego em obras financiadas pelo governo;
· Salário-mínimo e limite da jornada de trabalho.
Inspirado nas ideias do economista John Maynard Keynes, o New Deal
definia que o Estado deveria ser um regulador da sociedade, principalmente em
questões socioeconômicas. Com isso, Roosevelt criou as bases do Welfare State
ou Estado de Bem-Estar Social, modelo que seria implantado em vários outros
países europeus.
Comentários
Postar um comentário