Por Marcos Faber
Quando éramos pequenos ouvíamos muitas histórias sobre príncipes,
princesas, fadas, bruxas e outros seres extraordinários. Eram histórias
fantasiosas que tinham por objetivo não somente entreter, mas nos ensinar sobre
importantes aspectos de nossas vidas.
Mas o que muitos não sabem é que os contos de fadas e as fábulas
surgiram há muito tempo atrás, ainda durante a Idade Média. Outra coisa que é
desconhecida pela maioria de nós é que essas histórias não foram originalmente
criadas para o público infantil. Na verdade, a maioria dos contos de fadas
tinha como público alvo os adultos. E, por esse motivo, as versões originais
são muito mais “fortes” do que as versões que hoje conhecemos.
Originalmente os contos de fadas e as fábulas eram transmitidos
oralmente de geração em geração e se adaptavam de acordo com a região em que
eram contados. É por esse motivo que existem muitas versões diferentes para o
mesmo conto.
Somente com Charles Perreault (1628-1703) e com os Irmãos Grimm
(1785-1863) é que os primeiros contos de fadas se tornaram livros. Charles
Perreault viajou por várias regiões do interior da França em busca das mais
tradicionais e antigas histórias populares nascidas durante a Idade Média.
Perreault visitou aldeias e vilarejos onde ouviu e transcreveu muitas das
histórias que hoje conhecemos. A mesma coisa fez os irmãos Jacob e Wilhelm
Grimm, porém desta vez visitando vilarejos nos mais remotos recantos do
interior da Alemanha.
Esses autores foram os responsáveis por registrar em livro histórias como Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida, O Gato de Botas, Cinderela, João e Maria, O Príncipe Sapo, Branca de Neve e os Sete Anões e tantas outras histórias tão apreciadas até os dias de hoje.
No entanto, as versões originais dos contos de fadas possuem importantes
diferenças em relação às versões “Disney” contemporâneas. Pois as versões de
Perreault e dos Irmãos Grimm são histórias mais próximas da realidade em que as
pessoas daquela época viviam.
Os contos originais reproduzem a sociedade medieval tal e
qual ela era vista pelos autores das histórias. Por isso, os personagens
principais geralmente são aqueles que eram os mais importantes na época, ou
seja, os membros da nobreza (em especial os príncipes e as princesas).
Quando as pessoas comuns (povo) eram reproduzidas nas histórias, elas aparecem
como personagens secundários. Quando são os protagonistas, as pessoas comuns
tem um grande desejo de se tornarem nobres. Como exemplo basta lembrar que em
muitas histórias o sonho da personagem principal é o de se casar com um
príncipe encantado.
Contudo, quando o clero é representado nos contos existe uma
grande diferença com a realidade da época. Pois nas poucas vezes em que
aparecem, os membros da igreja são personagens sem grande importância. Algo que
destoa da realidade da época, já que os padres e bispos eram muito atuantes na
vida social local.
Ensaio fotográfico da atriz Selena Gomes para A Bela Adormecida.
Já os vilões das histórias, eles geralmente são retratados como
feras (lobos, dragões, ogros, etc.) ou como magos e bruxas. Raramente são
pessoas reais. A explicação mais provável para isso é que os vilões são
retratados como figuras que simbolizam alguém que não poderia receber críticas,
isto é, os membros da nobreza e do clero. Por isso, nas histórias, lutar contra
um bruxo ou mago malvado pode ser interpretado como enfrentar um bispo
opressor. Assim, como combater um dragão, símbolo de muitas famílias nobres,
poderia representar a luta contra um nobre explorador.
Um bom exemplo está na história da Branca de Neve e os Sete Anões,
pois a Madrasta Má é na verdade uma rainha má, já que a Branca de Neve era na
verdade uma princesa, filha de um rei. Entretanto quando esta história nos é
contada esse fato fica relegado a um segundo plano, pois naquela época era
proibido criticar as ações de uma rainha, mesmo que de forma fantasiosa.
As
Releituras dos Contos de Fadas continuam com toda a força também em Hoolywood.
Acima, Amanda Seyfried como A Garota da Capa Vermelha (Red
Riding Hood, filme de 2011) nova versão para a Chapeuzinho Vermelho.
Por tudo isso, podemos concluir que os contos de fadas e as fábulas são importantes testemunhos sobre a sociedade medieval. Pois neles as populações comuns podiam expressar todos os seus medos e angústias, assim como seus desejos de justiça. Mas sem que corressem o risco de serem mal interpretados pelas autoridades políticas e religiosas, nobres e clérigos respectivamente.
Características normalemnte encontradas nos contos de fadas:
·
Transmitem uma lição de moral;
·
Muitos iniciam por “era uma
vez...” ou “há muito tempo...”;
·
Tem figuras alegóricas: bruxos,
magos, monstros, animais falantes, etc.;
·
Possuem elementos de magia e encantos;
·
Os personagens principais
geralmente são integrantes da nobreza: príncipes, princesas, etc.;
·
Presença de castelos, aldeias,
florestas, isto é, o espaço geográfico de um feudo;
·
São definidos por uma luta entre
o bem e o mal;
·
Geralmente terminam com um final
feliz.
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