A PESTE BUBÔNICA
Por Marcos Faber
A Peste Negra, que também é conhecida como Peste Bubônica, começou
provavelmente na China no século 14. Mas logo se espalhou por toda a Ásia
Central (via Rota da Seda) até
chegar à cidade de Constantinopla, então capital do Império Romano.
De Constantinopla peste chegou à Europa por meio de navios
italianos que transportavam produtos orientais até o continente. Como as
condições de higiene na Europa eram muito precárias – o pessoal não era muito
chegado em banho – a peste logo se espalhou, gerando grande pânico.
Curiosamente a palavra “peste” tem origem no latim e significa “doença”. Entretanto, o nome da enfermidade faz referência a sua manifestação mais comum que é a formação de bubões (inchaços) negros na pele dos infectados. Além dos bubões, o doente também sofria com febre alta, dores de cabeça e vômitos.
A Peste foi tão terrível que os infectados morriam entre 2 a 5
dias. Ao ponto de alguns vilarejos não darem conta de enterrar todos os mortos.
Por isso, cavavam valas comuns, onde os defuntos eram depositados.
A oração - em latim:
“De fame, impidemia et bello
libera nos, Domine!”
Que traduzindo seria algo como “Da fome,
da epidemia e da guerra, livra-nos, Senhor!”. Simboliza muito bem
como a peste era encarada. Como inicialmente não se sabia a exata causa da
doença. Acreditava-se que a peste era um castigo de divino aos pecadores.
Mas nem todos concordavam como isso, e preferiam culpar grupos de
minorias sociais como os sendo os culpados pela doença. Em decorrência disso,
supostas “bruxas”, leprosos, forasteiros e judeus acabaram sendo perseguidos e,
alguns casos, ocorrendo linchamentos públicos de pessoas acusadas de causar a
peste.
Parecia um filme de terror...
Mas nem tudo estava perdido.
A Peste era transmitida pela picada da pulga do rato. Assim, nos locais infectados, formam-se os famigerados Bubões negros. Como as condições de higiene eram muito precárias... nas cidades e nos feudos existiam milhares de ratos. Por isso, nestes lugares, a peste encontrou um fértil terreno para se proliferar.
A Peste Bubônica provocou a morte de mais de 25 milhões de
pessoas, somente contabilizando a Europa. Mas estes números não são precisos,
já que alguns historiadores afirmam que os mortos podem ter atingido a marca
dos 75 milhões (quase metade da população europeia na época).
Como consequência, muitos feudos e vilarejos medievais simplesmente desapareceram ou foram abandonados. Para piorar houve uma grande fome em toda o continente europeu ocasionado pela diminuição da produção agrícola. Afinal, faltavam pessoas até mesmo para trabalhar nos campos.
Mesmo com toda esta devastação, existiram algumas exceções, lugares onde a Peste não alcançou êxito. Como foi o caso das cidades de Milão, na Itália, e Nuremberg, na Alemanha, onde a Peste foi controlada, causando um baixo número mortes. O motivo do sucesso destas cidades estava numa rígida política de saúde pública, com limpeza das ruas, remoção do lixo e o isolamento dos doentes. Atitudes simples, mas que não eram comuns na época.
Com a descoberta do causador da doença, a peste acabou sendo
controlada.
Porém, suas consequências foram sentidas durante muito tempo.
A Lenda do Flautista de Hamelin
No século XIV era muito comum a pouca higiene nas cidades
europeias. Restos de comida eram deixados no chão ou simplesmente jogados pela
janela. Essa situação atraia a presença de vários animais peçonhentos,
principalmente ratos. Esses animais eram atraídos pela comida fácil. Contudo, a
presença destas criaturas representava um perigo à saúde pública, especialmente
com o surgimento da Peste Bubônica. Devido a isso, os ratos passaram a ser alvo
da perseguição humana.
Desta época nasceu um importante conto medieval chamado “O
Flautista de Hamelin”. Alguns especialistas dizem que o conto foi inspirado em
fatos reais.
Diz a lenda que no ano de 1282, a cidade de Hamelin, localizada
onde hoje é a Alemanha, estava sofrendo com uma infestação de ratos. A situação
era tão grave que o prefeito da cidade promoveu um concurso cujo objetivo era
exterminar os ratos da cidade. O prêmio era uma moeda de ouro por cada cabeça
de rato morto. Apesar do significativo número de ratos abatidos, eles ainda
continuavam a representar uma ameaça à cidade.
A situação parecia não ter uma solução, mas um dia, chegou à
cidade um homem que alegava ser um caçador de ratos. Esperançoso o prefeito
prometeu ao caçador o prêmio – uma moeda de ouro pela cabeça de cada rato
capturado. O homem aceitou a proposta, pegou sua flauta mágica e saiu pela
cidade tocando. Todos estranharam, mas logo se percebeu que os ratos,
hipnotizados, seguiam o flautista. Ao chegar no rio Weser, os ratos se
precipitaram no rio, morrendo afogados.
Apesar do flautista obter sucesso. O prefeito da cidade não
cumpriu com a promessa feita, recusou-se a pagar o que devia ao caçador. A
alegação era de que ele não havia apresentado as cabeças dos ratos mortos.
Com isso, o homem deixou a cidade, mas retornou algumas semanas
depois e, enquanto os habitantes dormiam, tocou novamente sua flauta mágica.
Atraindo, desta vez, todas as crianças de Hamelin. Cento e trinta meninos e
meninas seguiram o flautista para fora da cidade, onde foram enfeitiçados e
trancados em uma caverna.
Desesperados os moradores resolveram pagar o que deviam ao caçador
de ratos. Com as centenas de moedas nas mãos, o flautista devolveu à cidade
suas crianças.
Comentários
Postar um comentário